quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Velvet Goldmine e o paraíso glam rock

Há alguns anos atrás, eu descobri um filme estrelado pelo Jonathan Rhys Meyers e que tinha o Ewan McGregor no elenco. Eu, como uma menina de uns quinze anos, achei o filme interessantíssimo por causa do elenco.

Ok, não foi assim que aconteceu. Eu estava vendo a filmografia do Ewan McGregor e listando os filmes que eu ainda não tinha visto. O que mais chamou a atenção foi um com o nome de "Velvet Goldmine". Era um nome muito legal, meio familiar... Fui pesquisar mais.

Descobri que o protagonista era o Jonathan Rhys Meyers e eu também tinha uma crush gigantesca por ele, então corri atrás do filme. Essa foi a parte mais difícil. Rodei a internet inteira, as lojas, e nada. Depois de muito, muito tempo, consegui achá-lo, e fui assistir.



"Velvet Goldmine" é um filme sensacional, que se tornou um dos meus favoritos antes mesmo de acabar. Ele conta a história de uma estrela do glam rock, Brian Slade, que tem uma outra persona, o Maxwell Demon, que tem uma banda de fundo chamada Venus In Furs. A história toda é muito louca, envolvendo até mesmo um Oscar Wilde bebê.

Tela inicial do filme

O filme se desenrola a partir do momento em que um jornalista, interpretado pelo Christian Bale, tem que fazer uma matéria sobre onde está Brian Slade. Só que esse jornalista viveu naquela época e era um grande fã do Maxwell Demon, então as suas próprias memórias se misturam com os fatos que são contados a ele pela ex-mulher de Slade.

A personagem do Ewan McGregor no filme é o insano Curt Wild, um cara que não tem pudores quanto a nudez, sexo e drogas.

Minha parte favorita do filme era a participação do Placebo, uma das minhas bandas favoritas, interpretando a música mais maravilhosa do T. Rex, "20th Century Boy".

A minha razão para escrever sobre esse filme é que hoje é aniversário do David Bowie, e esse filme foi absurdamente inspirado por ele. Mas vamos por partes.

Os dois protagonistas, Curt e Brian, foram baseados em Iggy Pop e Lou Reed, e David Bowie e Marc Bolan, respectivamente. Muitos pontos do filme foram baseados em coisas que realmente aconteceram, como o caso dos dois. A esposa de Brian flagra ele na cama com Curt, e a ex-esposa de Bowie já afirmou ter pego o ex-marido na cama com Mick Jagger.


“Estava na cara que eles tinham transado. Nunca considerei a possibilidade contrária”, disse Angie. 
Fonte: Mick Jagger e David Bowie: relação escancarada http://whiplash.net/materias/news_837/158553-rollingstones.html#ixzz3OFAzmOnE


A influência de Bowie sobre Brian Slade é muito visível. Para começar que o vocalista da banda era um cara que começa o filme com um cabelão, e termina o filme coberto de glitter. 


Sim, são a mesma pessoa

Segundo que ele tinha uma segunda persona, extremamente inspirada pelo Ziggy Stardust de Bowie. Até mesmo o nome da banda, Maxwell Demons And The Venus In Furs, tem semelhança com o Ziggy Stardust And The Spiders From Mars. Além disso, Slade "mata" Maxwell em um show, exatamente da mesma forma que Bowie matou o querido Ziggy. 

Acho que a influência mais forte do Bowie nisso tudo tenha sido o título maravilhoso, que vem de uma música (também maravilhosa) do... 

...sim, isso mesmo, do The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars. 

Nenhum nome no filme é por acaso. O Venus In Furs tem esse nome por culpa de uma música do Velvet Underground & Nico, e o nome da ex-esposa de Slade é Mandy, para ficar com a sonoridade parecida com Angie.

O filme tem Eddie Izzard e Toni Colette no elenco também, atuando super bem.

A trilha sonora do filme é espetacular, com músicas de Roxy Music, Lou Reed, T. Rex. Um segredinho que eu só descobri quando fui baixar a trilha sonora foi o Thom Yorke. É, o vocalista do Radiohead mesmo. Ele canta algumas das músicas que o Venus In Furs canta, e o Jonathan Rhys Meyers canta as outras. Para ninguém reconhecer, a voz dele foi alterada, mas ainda assim é puro amor.


Além de tudo isso, o filme tem uma poesia bem bonita.


É um filme longo, mas que passa voando pelos seus olhos, porque a história te prende. E no final, quando chega a hora de dizer adeus a essas personagens que são quase reais, você não quer.

Recomendo que assistam, e se apaixonem, e depois fiquem com "Tumbling Down" na cabeça. Bom filme!