sábado, 31 de maio de 2014

Expectativa de vida de seis meses e um dia

Alguns filmes esse ano parecem estar disputando qual vai me fazer chorar mais. Os campeões até agora são "Dallas Buyers Club" (Clube de Compras Dallas) e "The Normal Heart" (que manteve seu título em inglês).

Então, depois de muito pensar sobre o que - e como - escreveria aqui, e em homenagem à estreia de The Normal Heart na HBO Brasil, decidi fazer uma postagem sobre os dois filmes.

Além das frases marcantes e da profundidade dos filmes, eles são extremamente fortes, e deixam seu coração na boca e seus pensamentos a mil.

Preparem os lenços e os corações.



Dallas Buyers Club foi lançado primeiro, e acho que praticamente todo mundo sabe que esse filme existe. Além de um elenco super estrelado, ele garantiu Globos de Ouro, Oscars (sim, no plural) e muitos outros prêmios.

O filme é baseado em um história real, e conta a história de Ron Woodroof (o Matthew McConaughey, que está irreconhecível no papel), um peão de rodeio que descobre estar com AIDS.

A questão principal do filme é a luta de Ron com dois problemas: as drogas contra o HIV ainda não tinham sido aprovadas nos EUA, e ele acabava tendo que ir buscá-las em outros países, ilegalmente. O outro problema é a aceitação. Na época, a AIDS havia acabado de ser descoberta, e havia um grande preconceito com relação à doença, porque era "doença de gay", e essa era a maior ofensa de todas.

O Texas, que até hoje é um estado conhecido por sua homofobia, na época era muito pior. Ao longo do filme, Ron vai perdendo amigos, emprego, e sua vida vai desmoronando à medida que a doença avança (ele tem expectativa de vida de mais seis meses, apenas).

Mas não é só o Ron que faz o filme não. Ao seu lado, ele tem a linda Rayon (vivida pelo Jared Leto, que está simplesmente magnífico no papel), uma transsexual que também tem AIDS e, assim como ele, quer ajudar a todos que não têm como conseguir remédios. Além disso, ele conta com a ajuda de uma médica, a doutora Eve Saks (Jennifer Garner).

O título do filme vem da ideia que surge da necessidade de remédios: montar um "clube de compras" dos remédios contra o HIV. Era uma prática frequente nos EUA, na época. Depois de comprar ilegalmente os remédios, os fundadores de um clube de compras cobravam um valor mensal para quem precisava, de fato, ter acesso a esses remédios.



Depois de ver o filme (chorando feito louca, como é habitual), o que ficou para mim não foi apenas a raiva e muito menos a indignação com o que o governo fazia para não permitir a liberação das drogas, mas sim o crescimento do Ron. Ao longo do filme, Woodroof, que era homofóbico, transfóbico e racista, começa a mudar seus pré-conceitos com relação a quase tudo. É claro que Rayon influencia monumentalmente nessa mudança dele e, se no começo do filme Ron cospe xingamentos para Rayon, no final os dois são amigos.







The Normal Heart, que vai estrear hoje pela HBO Brasil, é baseado em uma peça da Broadway. Não, não é um musical. A peça homônima estreou nos palcos em 1985, off-Broadway, e depois foi para os palcos principais, ganhando um revival em 2011.

Estreou nos EUA no dia 25 de maio e já recebeu diversas indicações ao Critic's Choice.

A peça/filme é semi-auto-biográfica, e foi escrita por Larry Kramer. Em termos de ordem cronológica da história, esse filme vem antes de Dallas Buyers. TNH se passa entre 1981 e 1984, enquanto DBC se passa logo depois, em 1985.

O filme conta a história de Ned Weeks (Mark Ruffalo, simplesmente PERFEITO) e seu grupo de amigos e sua luta contra a AIDS e a negligência do governo americano.

A segunda parte do título dessa postagem (e um dia) veio de um dos personagens desse filme.

Se em Dallas Buyers o foco é a luta por remédios, em The Normal Heart o foco é a luta por reconhecimento. Na época, tratavam a AIDS como um "câncer gay", não havia nenhum relato de casos da doença em heterossexuais ou lésbicas, e ninguém sabia exatamente o que causava ou como tratar.

Em Nova York, o grupo de Ned (a maior parte com AIDS ou com namorados com AIDS) se une a uma médica (Emma Brookner, interpretada por Julia Roberts) que atendia uma quantidade enorme de casos da doença e, juntos, se esforçam para obter qualquer tipo de ajuda.

O elenco de TNH também é absurdamente estrelado. Além de Mark Ruffalo e Julia Roberts, Jim Parsons (sim, o Sheldon que, aliás, me surpreendeu extremamente com a sua atuação), Taylor Kitsch, Matt Bomer (a melhor atuação do filme, se me perguntarem), BD Wong (o Dr Huang de Law & Order: SVU ) e Jonathan Groff são alguns dos nomes que integram esse elenco sensacional.

Na minha opinião, esse filme irrita mais. A raiva que ele deixou em mim foi muito, muito maior do que Dallas Buyers Club. Já aviso que o número de mortes durante o filme é incontável, e são momentos muito tristes.

"Você chora, e chora, até achar que não vai chorar mais, e então chora um pouco mais"




A trilha sonora do filme também é maravilhosa, recheada de músicas boas e clássicas e muito bem escolhidas.

Não tem muito o que dizer sobre o filme sem dar spoilers, então vou deixar uma curiosidade para ser lida depois de ver o filme (é sério, spoilers!); no revival de 2011, o autor Larry Kramer ficava do lado de fora do teatro entregando uma folhinha com a seguinte mensagem:

POR FAVOR SAIBA

"Obrigado por ter vindo ver nossa peça.

Por favor, saiba que tudo em The Normal Heart aconteceu. Essas eram e são pessoas reais que viveram e falaram e morreram, e são apresentadas aqui da melhor forma que pude. Muitas mais morreram desde então, incluindo Bruce, cujo nome era Paul Popham, e Tommy, cujo nome era Rodger McFarlane e quem se tornou meu melhor amigo, e Emma, cujo nome era Dr. Linda Laubenstein. Ela morreu depois de um retorno da polio e outra visita a um pulmão de ferro. Rodger, depois de construir três agências gays/de AIDS do zero, cometeu suicídio em desespero. Em seu leito de morte no Memorial, Paul me chamou (nós não nos falávamos desde nossa última briga nessa peça) e me disse para nunca parar de lutar.

Quatro membros do elenco original também morreram, incluindo meu grande amigo Brad Davis, o Ned original, quem eu conhecia desde praticamente o momento que ele saiu do ônibus da Flórida, um garoto tímido tão determinado a se tornar um bom ator, o que ele se tornou.

Por favor, saiba que a AIDS é uma praga mundial.

Por favor, saiba que não há cura.

Por favor, saiba que depois de todo esse tempo a quantia de dinheiro sendo gasta para procurar uma cura ainda é minúscula, ainda quase invisível, ainda impossível de localizar em qualquer verba nacional, e ainda completamente não-coordenada.

Por favor, saiba que aqui na América os números de caso continuam a subir em todas as categorias. Em boa parte do resto do mundo - Rússia, Índia, Sudeste da Ásia, África - os números de infectados e mortos são tão grotescamente altos que são raramente reconhecidos.

Por favor, saiba que todos os esforços para prevenir e educar continuam no registro infinito de falha.

Por favor, saiba que não há ninguém no comando dessa praga. Essa é uma guerra para a qual não existe um general, e nunca existiu um general. Como você pode ganhar uma guerra sem ninguém no comando?

Por favor, saiba que começando por Ronald Reagan (que não diria a palavra "AIDS" publicamente por sete anos), todos os presidentes não disseram nada e não fizeram nada ou, no caso do presidente atual, diz as coisas certas e então não as faz.

Por favor, saiba que a maior parte dos medicamentos para HIV/AIDS são desumanamente caros e o financiamento do governo para que os pobres os obtenham está diminuido e normalmente indisponível.

Por favor, saiba que as companhias farmacêuticas estão entre os pesadelos mais maléficos e gananciosos já soltos na espécie humana. Qualquer 'pesquisa" na qual embarcam é calculada apenas para encontrar novas drogas para nos manter, só um pouco, vivos, mas não nos fazer melhorar ou, deus os livre, curar-nos.

Por favor, saiba que uma quantidade enorme de pessoas morreu desnecessariamente e vai continuar a morrer desnecessariamente por causa de qualquer ou todo ponto exposto anteriormente.

Por favor, saiba que o mundo sofreu pelo menos alguns 75 milhões de infecções e 35 milhões de mortes. Quando a ação da peça que você acabou de ver começa, eram apenas 41.

Eu nunca vi tantas coisas erradas como essa praga, em todos os seus disfarces, representa, e continua a falar sobre todos nós."

sábado, 17 de maio de 2014

Fanfics, inspiração, choro e livros


Quando eu tinha lá os meus 12 anos de idade e acreditava que os Jonas Brothers eram os seres mais lindos do mundo, tudo o que eu queria era alguma coisa que me aproximasse deles de alguma forma. Encontrei as fan fics. É muito importante dizer que eu tinha plena consciência de que aquilo ali não passava de algumas histórias que fãs como eu escreviam para retratar aquele sonho que tinham, e nunca confundi com a realidade.

Nesse fandom, eu li muito, porque as autoras usavam uma coisinha chamada Java que tornava a fanfic interativa, ou seja, você lia como se uma das personagens fosse você. Era o máximo! Não sei nem dizer quantas vezes eu fui a namorada do Joe Jonas. haha

A comunidade oficial (sim, no Orkut) tinha uma página na web com a listagem de todas as fanfics publicadas, por ordem alfabética. Os autores começaram postando no Geocities, aquele site do yahoo que permitia que você criasse uma página com html, e depois passaram a postar no Bol, quando o Geocities fechou. Mais tarde, foram criando sites destinados à postagem de fanfictions. No Brasil, eram o Nyah e os Fanfic Obsession e Addiction. Eles não eram muito inclusivos com relação a fandoms, limitados a algumas bandas e séries, como McFly e Gossip Girl.


http://www.fanficobsession.com.br/

Lá fora, nos States, a primeira ferramenta de fanfic foi o LiveJournal. Fácil de usar e acessível, ele tinha o objetivo de ser um diário virtual, mas até hoje usam ele para postar fanfics. Além dele, existem o Fanfiction.net (que tem fanfics em todas as línguas), o tumblr e, hoje, a maior de todas: o Archive Of Our Own. O AO3, como é conhecido, também tem fanfics em todas as línguas, e uma lista quase infinita de fandoms para você escolher.

LiveJournal, FF.net, AO3

Mas, voltando à minha história... Eu queria escrever, e até tentei algumas vezes, aprendi a usar o Java e tudo o mais, mas nunca consegui sair de algumas páginas. A ideia de que o leitor que moldaria a história, que aquele personagem principal seria qualquer um que lesse, acabava me travando um pouco. Como montar a personalidade de alguém que você não conhece?

Apesar de amar a ideia, então, eu não cheguei a publicar nenhuma fanfic no fandom de Jonas Brothers. Li algumas do McFly e de Crepúsculo (porque sinceramente, os autores de fanfic de Crepúsculo no Brasil escrevem mil vezes melhor do que a Stephenie Meyer). Só fui postar alguma coisa na época de Glee. E não parei. A primeira vez que escrevi algo com mais de 50 páginas foi uma fanfic, e tudo o que eu queria era que as pessoas lessem o que eu estava escrevendo. A cada atualização de capítulo, eu recebia elogios, e eram eles que me faziam escrever mais e mais e mais.

Onde quero chegar com isso? Bom, acho que devo começar do começo. As fan fics (curto para fanfictions, ou ficção de fãs) são histórias escritas, como o nome diz, por fãs de determinada série, livro, filme, enfim, algum universo já existente, utilizando seus personagens já existentes. Como não são publicados, não violam qualquer tipo de direito.

Acontece que, atualmente, há um esforço grande para publicar livros no formato digital. No meio disso tudo, vimos 50 Tons de Cinza, uma fanfic de Crepúsculo, ser publicada como livro e vender MUITO bem. A autora Lisa Jane Smith, de Diários do Vampiro, começou a dar continuidade à série de livros através de fanfics que ela mesma escreveu...

Isso levanta algumas perguntas legais sobre o futuro das publicações, dos livros e das fanfics. No fandom de Glee, três leitoras de fanfic se juntaram e criaram uma editora bem visionária. Além de publicar fanfics (com as devidas modificações, é claro), a Interlude Press irá publicar exclusivamente fanfics LGBTQ.

http://interludepress.com/
Se você clicar na imagem, vai pro site da IP :)


Depois de mais ou menos um mês de divulgação do projeto, os três primeiros livros da editora estão disponíveis para pré-venda no site oficial. A partir da data de lançamento, os livros também estarão disponíveis internacionalmente. Eu conversei (por e-mail) com uma das criadoras do projeto, para saber o que as levou a fazê-lo, qual a importância das fanfics e como foi a reação dos autores e leitores à ideia.



Entrevista com CL Miller, da Interlude Press

Você pode me contar um pouco sobre o projeto?

A resposta curta é que a Interlude Press (IP) é uma editora dedicada a romances LGBTQ, mas é claro que é mais do que isso.

A companhia foi criada por autoras e leitoras de fan fiction que também trabalhavam com publicações, tecnologia e relações públicas/marketing, e um dos grandes focos da companhia é incluir o trabalho de alguns autores de fan fiction muito talentosos. Isso inclui publicar tanto histórias novas quanto livros baseados em histórias que apareceram primeiro como fan fiction.

Nós achamos que existem alguns escritores maravilhosos nesse mundo [das fanfics], e que eles merecem uma chance para publicar seus romances e ficção. Nossa meta é ajudar a forçar a abertura da porta da indústria editorial para eles e não só publicar seus livros, mas oferecer a eles o suporte de marketing e editorial que eles não necessariamente receberiam de uma grande editora. Nós somos muito honestos quanto ao fato que os autores com os quais estamos trabalhando são do mundo das fan fictions, e nós acreditamos em celebrar isso. Um dos modos que fazemos isso é explicitando para os autores que estão reimaginando histórias existentes de suas fan fictions que nós queremos que eles mantenham seus originais na internet e disponíveis de graça, seja no LiveJournal, no AO3(Archive Of Our Own), no S&C (Scarves&Coffee, criada exclusivamente para fanfics de Kurt e Blaine, de Glee), no ff.net – em qualquer forma que esteja. Nós também queremos que os autores continuem escrevendo nos fandoms e, até agora, é exatamente isso que eles têm feito.

Com relação ao que estamos publicando, nós queremos ser claros que as histórias que são baseadas em fan fictions são, agora, histórias completamente originais. Nós fomos cuidadosos ao escolher histórias que não eram profundamente ligadas ao cânone (canon), que já incluíam cenários originais e tinham um senso de personagens originais. Não é tão incomum que os autores tenham uma ideia para uma história original que eles rascunham no mundo dos fãs com a intenção de eventualmente substituir elementos canônicos por personagens e locais originais. É uma ótima maneira dos autores conseguirem um feedback sobre o que funciona e o que não funciona. Em alguns casos, os autores trabalhando com a IP voltaram e reconstruíram completamente a história, adicionando mais detalhes e enredo à fanfic que publicaram originalmente.

Nós também estamos publicando histórias originais de ficção LGBTQ que são novinhas em folha. Nós vamos começar a divulgá-las no fim do outono. [No caso, na nossa primavera].


Como vocês tiveram a ideia para a Interlude Press? Vocês estavam com medo das reações dos autores e leitores?

Nesse mês, a ideia do projeto completa um ano. Ela surgiu na Book Expo America do ano passado, onde Annie (nossa Diretora Editorial e uma das três sócias fundadoras) assistiu a uma palestra de um executivo de uma das Cinco Grandes editoras dos Estados Unidos. Ele estava falando sobre “50 Tons de Cinza”, assim como muitos na conferência, e ele reconheceu que a indústria editorial tinha perdido uma chance com as fan fics. Ele disse que os editores deveriam estar ouvindo os fandoms, porque eles é que poderiam direcionar as escolhas editoriais das editoras. Annie mandou mensagens para mim e para Lex (nossa Diretora de Tecnologia e a outra sócia fundadora) naquele dia, dizendo, “eles estão certos, mas eles não entendem fandoms, ou fan fictions, o mundo dos fãs. Há um processo de aprendizagem”. Isso foi o que começou. Nós dedicamos meses de pesquisa e desenvolvimento ao projeto antes de decidir incorporá-lo e torná-lo realidade.

Quanto às reações, o máximo que você pode fazer quando começa um novo negócio é pesquisar, conversar com quem tem mais experiência do que você e aprender com ambos. Não importa quão bem você se planeje, nada é garantido, e sim, nós estávamos um pouco nervosos quando nós fizemos as propostas aos primeiros autores, mas as reações foram fantásticas, muito melhores do que esperávamos, tanto com os leitores quanto com os autores. Nós estamos satisfeitas e muito, muito gratas.


Por que (e como) vocês escolheram os autores que vão publicar?

Bom, esse é, obviamente, um trabalho ainda em processo. Nós temos uma lista comprida de autores com quem esperamos poder falar. Muita coisa influencia nessa decisão. Existe, é claro, o fato de querermos introduzir o mundo “de fora” aos ótimos autores de fan fics. E existem autores que ou criaram obras icônicas de fan fiction, ou têm a reputação de manter seus trabalhos consistentemente em uma qualidade alta, não importa qual o gênero em que escrevem. Então essa é uma parte, mas certamente não o todo. Parte de nossa meta é fazer uma ponte entre a venda do mundo dos fãs e o público geral. Nós estamos procurando por títulos que acreditamos que podem fazer isso, e autores que acreditamos que podem acompanhar esse processo, incluindo cumprir datas, trabalhar com múltiplos editores e contribuir com o marketing de seu trabalho. Quando analisamos os títulos já existentes, também existe a questão inevitável da praticidade. Existem algumas histórias esplêndidas que nós simplesmente não podemos publicar, seja por tamanho, complexidade para editar, pelo fato de publicação prévia por um longo período, ou por estarem simplesmente muito conectadas ao cânone de seu fandom para ser possível refazer. Todos esses fatores, e mais, podem afetar. Nós queremos produzir livros que sejam de boa qualidade e acessíveis, e esses fatos afetam isso.

Nós anunciamos apenas os primeiros autores que assinaram com a Interlude para desenvolver romances e sagas. Nós continuamos falando com autores sobre alguns títulos novos e reimaginados.


Vocês tinham ideia do tipo de reação que a Interlude Press receberia?

Toda vez que você começa um novo negócio, você se arrisca. Com sorte, é um risco com base em uma pesquisa sólida. Ontem à noite [dia 13/05], nós abrimos nossa livraria para pré-vendas, e as pessoas estavam “enfileiradas” à meia-noite, esperando a abertura, o que foi ótimo.

Nossos primeiros indicadores estão bons, e nós estamos otimistas, mas temos muito trabalho duro por nossa frente.


As perguntas internacionais continuam chegando para vocês, certo? Vocês estavam preparados para tantas pessoas perguntando sobre envio e dispostas a pagar por um livro internacional?

Que continuem chegando! Nós amamos receber perguntas de um público internacional, e nós estamos nos preparando desde o começo para vender os títulos da IP globalmente. Nós contratamos um grande distribuidor global para tratar dos nossos pedidos internacionais. Ele pode entregar livros em 195 países, então existe uma boa chance que todos os leitores consigam comprar uma edição física de nossos livros comprando em suas livrarias locais. Nós também vamos oferecer pacotes digitais de eBooks em diversos formatos disponíveis online. Nós vamos detalhar todas as formas de comprar tanto o livro físico quanto o eBook em nosso site.


Que tipo de reação vocês receberam dos autores quando entraram em contato com eles? O contato foi feito exclusivamente online, ou vocês conheceram alguns deles?

Essa é uma boa pergunta, porque nós percebemos alguns equívocos quando anunciamos a companhia. Os primeiros autores a publicar com a IP representam uma seção transversal de autores que ou escrevem ou costumavam escrever no mundo de fãs de Glee. Alguns deles nós conhecíamos bem. Outros, nós conhecíamos apenas pela reputação, e essencialmente tivemos que nós apresentar ou achar alguém que nos conhecia e confiava em nós para fazer as apresentações. Alguns nós conhecemos pessoalmente, e isso foi ótimo. Eu vi que a Chazzam estava visitando LA alguns meses atrás, e aproveitei a chance de conhecê-la. Nós nunca tivéramos uma conversa antes daquilo, e foi um pouco intimidante porque o pensamento principal na minha cabeça era Essa é a autora de The Sidhe. Eu fico feliz de ter superado isso, porque Chazzam é uma das pessoas mais legais e agradáveis que você poderia conhecer.

A resposta à proposta foi incrível. Todo mundo disse sim? Não, mas todos apoiaram muito e estavam dispostos a conversar sobre o assunto. E as conversas foram memoráveis, e um pouco loucas, já que estávamos coordenando horários globais. Houve perguntas inteligentes, e risadas, e até algumas lágrimas. Lágrimas boas, de pessoas que nunca acharam que teriam a chance de publicar um livro. Eu não sei nem começar a descrever quão recompensantes essas conversas foram. Nós três desligaríamos o telefone, e ficaríamos em silêncio por um momento, e então uma de nós diria, inevitavelmente: “É por isso que estamos fazendo esse projeto”. Relembrar esses momentos só nos faz querer trabalhar ainda mais duro.

Eu vi algumas fanfics com muitos links externos para várias coisas – scrapbooks, playlists... - vocês planejam manter esses links nos livros digitais?

Essa é uma daquelas coisas que tornam as fan fics tão especiais – a habilidade de ver essas inspirações transformadas em histórias. E é uma das (muitas) razões para querermos que os autores da IP mantenham suas fan fictions disponíveis online.

É outra história para um livro publicado. Existem regras sobre os direitos das músicas que tornariam as playlists proibidas pelo custo. Dito isso, os autores da IP vão todos começar blogs de autor, onde irão postar background dos livros, inspirações, scrapbooks e qualquer outra coisa relevante para seus livros.

O que é tão importante nas fanfics?

Essa é uma pergunta ótima, importante e um pouco gigante!

Em primeiro lugar, todos nós sabemos que autores (e leitores) de fan fics têm que lutar por respeito há tempos. Diga o que for sobre 50 Tons de Cinza, mas pelo menos ele abriu os olhos de muitas pessoas que previamente nem olhariam para fan fiction como algo legítimo ou comercializável.

Primeiro, e isso falando tanto do crédito quanto da imagem do gênero, existe algo para todos nas fan fictions. E eu quero dizer todos. Existem crack fic [fan fics engraçadas, de comédia], romance, suspense, fanfics de episódio, e com mundos detalhados. Existem fanfics monstruosas de 300.000 palavras. Existem rascunhos de 100 palavras. Existem romances que prevalecem e eu diria que passam muitos best seller em termos de qualidade. E sim, existem as fan fics pornôs. Algo para todos, e abençoados são os escritores de fan fiction, cada um deles, por fazer isso.

E essa é outra coisa que é realmente especial nas fan fics: a diversidade de autores. Olhe a demografia das pessoas escrevendo fics. Se estica de crianças a aposentados. Existem pessoas que nunca escreveram ficção antes e que se sentem inspiradas a tentar graças à fan fiction. Existem autores profissionais que estão apenas “esticando as pernas”. Existem pessoas que talvez sempre escreveram, mas nunca encontraram um público. Nas fan fics, elas conseguem encontrar esse público, e conseguir o feedback de que precisam para polir suas habilidades.

Esses autores escrevem pelo amor de escrever, e o amor ao seu mundo de fã. E isso é incrível. O fato de que tantas pessoas estão escrevendo, simplesmente porque amam isso? É inspirador.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Star Wars para principiantes

Domingo, para quem não sabe, é 4 de maio. Em inglês, May the 4th. Por causa do trocadilho da língua (May the fourth, may the force hahaha), virou o Star Wars Day. Não que nós, fãs da série, precisemos de um dia para exprimir nosso amor, mas...

Por causa disso, eu decidi ajudar você, amiguinhx que quer ver os filmes mas não sabe por onde começar, ou conhece amigos que gostam e quer entender. Segue uma lista de coisas que você precisa saber antes de ver Star Wars.

Cronologia

Não sei se todos sabem, mas Star Wars foi feito de uma forma meio bizarra. Originalmente, George Lucas tinha um contrato para três filmes, então decidiu fazer os três que apresentavam as storylines mais importantes. 

Então, em 1977, ele lançou o primeiro, que é o quarto filme, o Uma Nova Esperança. Confuso? Vamos lá. 

Os primeiros filmes lançados foram quatro, cinco e seis, justamente porque têm as histórias mais importantes, mais ação e efeitos. Também foram lançados nessa ordem para não estragar o suspense de quem era o Darth Vader.

Acontece que, anos mais tarde, George Lucas lançou o que seriam os primeiros filmes, contando a origem do Darth Vader e mostrando um pouco mais do Lado Negro da Força.

Se nos primeiros filmes, o que se via eram Yoda como um boneco, pessoas vestidas de Chewbacca, R2-D2 e C-3PO, nos mais recentes o que é visto são muuuuuuuuitos efeitos especiais, quase toscos, o que gerou muita discórdia entre os fãs.

Mas enfim...

Se você quiser ver os filmes por ordem de acontecimento, veja na ordem I, II, III, IV, V e VI. Se preferir ver na ordem de lançamento, veja IV, V, VI, I, II, III.


Informações úteis

Nunca diga que os filmes novos são melhores do que os antigos perto de um fã de Star Wars. O fato é que, por mais que muitos de nós amemos os filmes novos, os antigos são geralmente os favoritos, justamente por terem tecnologia limitada e serem o primeiro contato que temos com Han Solo, Chewbacca, Leia, R2-D2, C-3PO e Luke, para citar alguns.

Aliás, aqui vai uma figura para te ajudar:

Prontos?
1. Darth Vader
2. Obi Wan Kenobi (nos filmes novos, ele é o Ewan McGregor)
3. R2-D2
4. C-3PO
5. Yoda
6. Darth Sidious (ugh, que medo)
7. Qui-Gon Jinn
8. Padmé Amidala (mamãe da Leia)
9. Jar Jar Binks (que fala engraçado)
10. Luke Skywalker
11. Princesa Leia Organa (LEIA COM I)
12. Han Solo (capitão da Millenium Falcon)
13. Chewbacca (arrrgwaaah)
14. Count Dooku
15. Boba Fett (clone do Jango Fett)
16. Lando Calrissian (meu bebê, shh)
17. Jabba The Hut (fala engraçado e dá medo)
18. Mace Windu

Qualquer dúvida, o site oficial de Star Wars tem uma enciclopédia lindinha com os nomes dos personagens. 

Ainda falando de informações úteis, é importante levar em conta qual versão do filme você vai ver. O blu-ray? A versão mais nova dos dvds? Vai baixar? Alugar? Tenha em mente que existe, sim, diferença entre um e outro. 

A cena do "Yub Nub", a música festiva dos Ewoks, não está presente em alguns dvds, e a cena mais polêmica de Star Wars virou polêmica devido à inconsistência de um dvd para outro.

Originalmente, na cena da Cantina, o Han Solo atirava primeiro, e o Greedo não tinha nem chance de reagir. Depois disso, George Lucas (sabe-se lá por quê) decidiu que o Greedo ia atirar primeiro, e o tiro do Han Solo seria apenas uma forma de reagir. Então, fica a dica: pesquise bem a sua edição e NUNCA DIGA QUE O GREEDO ATIROU PRIMEIRO, porque não atirou.

Acho que é isso. O resto, você aprende vendo os filmes. Agora é só relaxar, fazer um balde de pipoca e preparar os sabres de luz para as longas horas de filme. Se você for eu, vai chorar em quase todos eles (shh) mas, do contrário, vai adorar.

Bom filme! E que a Força esteja com você!

"Na verdade, eu nunca vi Star Wars"
"Ela nunca viu Star Wars? Ted, as únicas pessoas que não viram Star Wars são os personagens em Star Wars! E isso é porque eles viveram aquilo, Ted! Eles viveram Star Wars!