Quando a One
Direction surgiu, há seis anos, por causa do programa de TV X
Factor, eu detestei a banda. Eu, que era uma fã louca dos Jonas
Brothers, achei a banda forçada, as letras bobinhas demais, os
integrantes bem estranhos (ok, até que aquele mais cabeludo era
bonitinho).
Se você dissesse
para eu de 2010 que agora eu estou ouvindo o mais recente cd da banda
todos os dias, eu riria e acharia que era mentira. Mas é a mais pura
verdade. Desde que o “Made In The AM” saiu, eu acho que o ouço
duas vezes ao dia.
Eu tive muita
dificuldade para admitir que eu estava, não gostando, mas amando
esse álbum. As pessoas têm um preconceito musical muito forte.
Parece que, se você é muito fã de uma banda de rock, você só
pode gostar de rocks clássicos ou músicos que esse ou aquele
crítico considera sensacionais.
Esse tipo de
preconceito sempre me incomodou. Por que é que nós temos que gostar
só daquilo que é considerado algo “culto”? Quem define o que é
ou não “bom”?
(Nem vou entrar
nessa discussão aqui, porque ela é extensa e complexa).
Não é só no pop
que isso acontece. Sou fã do Troye Sivan por culpa do canal dele no
youtube, e o “Blue Neighbourhood” fala muito com meu coração.
Por mais que ele seja praticamente um queridinho do indie, muitas
foram as críticas quando eu disse que estava ouvindo o cd dele. “Mas
não tem qualidade”. Comparado a quê?
Eu descobri o novo
cd da One Direction por causa de uma música chamada “What A
Feeling”. Eu estava no twitter quando a música foi lançada e
alguém comentou “nossa, ela parece muito uma música do Fleetwood
Mac”. Parei e ri. Fleetwood Mac é uma das minhas bandas favoritas,
e eu pensei que era impossível uma boy band bobinha fazer algo que
chegasse aos pés do que aquela banda, com tanta história, já
fizera.
Sim, eu mesma com
um preconceito idiota.
Pois decidi ouvir a
tal música, e fiquei de queixo caído. Era realmente parecida com
uma música da One Direction, era ótima, era linda. Ouvi de novo. E
de novo. E de novo.
Fiquei aguardando o
lançamento do cd. E bem desconfortável, honestamente. Não podia
dividir minha opinião com meus amigos porque tinha certeza de que
seria julgada. Minha prima é apaixonada por One Direction e eu sabia
que ela seria a primeira a fazer comentários do tipo “eu te
disse”.
Finalmente, o cd
saiu, e eu o devorei. Esperava realmente me decepcionar com as outras
músicas do álbum (como acontecera com o Fm Static, por exemplo),
mas eu não consegui desgostar de nenhuma. Eram todas bonitas,
sinceras, interessantes, com letras bacanas e gostosas de ouvir.
Por mais que “What
A Feeling” permanecesse a favorita, fui me apaixonando por outras
como “Never Enough” e “Perfect”.
A partir daí, foi
natural. Em menos de um mês, eu já sabia uma parte da biografia da
banda, estava viciada no cd, conhecia as vinte mil tatuagens do Harry
Styles e já tinha fuçado todo o youtube procurando vídeos da banda
(e, é claro, tinha visto o Carpool Karaoke com os meninos).
Minha opinião do
primeiro cd da banda continua a mesma: não gosto. Mas, depois de
gostar tanto do novo, quem sabe não dou uma chance aos outros?
Acabamos conhecendo só aquilo que um artista lança como músicas de
trabalho, e dificilmente procuramos o resto do trabalho dele. Posso
me surpreender (para bem ou mal, veremos).
Quase todo mundo à
minha volta está apaixonado pelo álbum novo do Justin Bieber,
Selena Gomez ou Nick Jonas. Há alguns anos, essas mesmas pessoas
eram aquelas que riam deles e achavam a música deles uma droga. Me
parece que esses artistas que são criticados por fazer uma coisa
muito pop, muito comercial, são aqueles que mais surpreendem quando
lançam algo que é coletivamente tido como bom.
Então eu digo para
sermos julgados por aquelas músicas que nos fazem suspirar, que
significam tanto para nós. Pode ser que elas sejam julgadas
maravilhosas em alguns anos. E, caso não, pelo menos não precisamos
esconder do que realmente gostamos e, consequentemente, um pedaço
das nossas identidades.
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