Qual era mesmo o nome daquela menina que estudava comigo no Fundamental?
A mente esquece, apaga, porque não há a necessidade de lembrar, é efêmero, passa.
Então você se vê perdido, não se lembra como chegar na casa em que morou quando era criança. Nem sabe se o lugar onde você está é o mesmo em que morava.
Aos poucos, fatos aleatórios vêm, sabe-se lá de onde, e você conta a mesma história que contava há dias, semanas, mas algo nela está errado, trocado, não é exatamente o que aconteceu.
A verdade é que você esqueceu.
Esqueceu que brincava num balanço nos fundos da sua casa, esqueceu que uma vez teve catapora e foi para casa mais cedo. Esqueceu da horta, do barulho do rio nos fundos do quintal e da briga dos pais, abafada pelo som das suas próprias lágrimas. Esqueceu o nome daquela professora que te ensinou a contar de 1 a 10, daquela pessoa que você achava que amava na quarta série.
Para e reflete, percebe que nada parece estar exatamente como você se lembrava, que enquanto você se preocupava em criar novas memórias, as velhas te escapavam.
E então, se lembra.
Um dia, você amou.
Ariel A. Carvalho
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