Assim que li "The Art Of Asking" (ou "A Arte de Pedir"), eu postei aqui um texto bem pessoal sobre as reflexões que o livro me proporcionou, e disse que a resenha ia sair no site em que eu colaborava na época. O livro foi lançado no Brasil, Anthony (melhor amigo de Amanda e um dos principais personagens do livro) faleceu, eu parei de colaborar com o site e a resenha nunca foi postada.
Estava dando uma limpa nos emails, e achei a resenha, mudei algumas coisas e, antes tarde do que nunca, eis o que eu tenho a dizer:
Ativista, feminista,
cantora, ex-estátua viva, dona de sobrancelhas peculiares, responsável pelo KickStarter musical mais
bem sucedido da história e por uma das palestras do TED mais
famosas, esposa de Neil Gaiman, o autor internacionalmente famoso.
Nada disso era suficiente para Amanda Palmer, aparentemente. Sua
aventura mais recente foi escrever um livro.
A proposta surgiu
depois de sua palestra no TED Talks. O TEDTalks é um podcast diário
das melhores palestras e performances da Conferência TED, onde
pessoas influentes de todo o mundo falam sobre suas vidas e
experiências em 18 minutos ou menos. A palestra de Amanda falava
sobre a questão da arte de pedir, e de sua vivência como estátua
viva. Com quase 14 minutos de duração, o vídeo no youtube tem mais
de três milhões de visualizações.
A ideia do livro era
mesclar questões da vida de Palmer com algumas ideias e filosofias
que ela sempre defendeu, como a arte de pedir e Polícia da Fraude.
Estes conceitos e ideias aparecem explicados em seu livro, em
detalhes.
Quem acompanha a
cantora nas redes sociais pôde ver que escrever o livro não foi
algo tão fácil assim. Além de um prazo curto até a publicação,
Amanda teve que lidar com problemas pessoais (seu melhor amigo,
Anthony, foi diagnosticado com câncer).
No final, o livro
ficou pronto a poucas horas do término do prazo, e conseguiu cumprir
o que se propunha a fazer. “The Art Of Asking - How I Learned to
Stop Worrying and Let People Help” (A Arte de Pedir – Como eu
Aprendi a Parar de me Preocupar e Deixei as Pessoas Ajudarem, em
tradução livre) retrata a carreira de Amanda Palmer desde os tempos
de estátua viva até o momento de entrega do livro, passando por sua
época de Dresden Dolls e sua carreira solo.
O que mais chama
atenção no livro é a honestidade. A autora procurou não deixar
nada de fora, não romantizou momentos ruins e complexos, e confiou
aos leitores toda a história, sem rodeios. Como ela mesma diz, ela
confiou que nós entenderíamos.
Ao longo do livro,
ela expõe suas experiências com o ato de pedir, seja pedir um
absorvente a uma colega de escola ou dinheiro emprestado para cobrir
suas dívidas. Também trata do preconceito que sofria como artista
de rua, dos inúmeros “arranje um emprego” que lhe eram gritados
quando, na verdade, ser estátua viva era o seu emprego. Além disso,
o livro mostra um lado da autora que nem mesmo os fãs mais loucos
conheciam: seus relacionamentos. Ela fala sobre seu relacionamento
com seu melhor amigo, Anthony, e das dificuldades de saber que uma
das pessoas mais importantes do seu mundo pode morrer a qualquer
instante. Fala, ainda, sobre seu relacionamento com o autor Neil
Gaiman, desde antes dos dois serem, de fato, casados, e também dos
obstáculos enfrentados pelos dois.
Algumas das cenas
mais bonitas do livro envolvem o autor. Amanda buscou expor como a
convivência com a arte um do outro afetou sua escrita e a escrita de
Gaiman. Ele, que sempre escreveu fantasia, ficou um pouco mais
humano. Ela, que sempre foi extremamente humana, se tornou mais
fantástica.
É uma leitura deliciosa e recompensante,
que leva o leitor a repensar suas atitudes e, enfim, perder o medo de
pedir. Fechar esse livro foi como dizer adeus a um amante.
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